Quando olhamos a foto abaixo, o que passa por nossas cabeças?
Esta imagem vai contra tudo em que acreditamos, não?
O problema não é apenas esta situação, mas saber que isso se repete todos os dias em milhares de empresas por todos o Brasil. E problema ainda maior é achar que não podemos fazer nada e que as coisas são como elas são.
Deverás que por muitas vezes nossos braços estão amarrados atrás da cabeça e nossas bocas amordaçadas, pelo medo de perder o emprego ou pela própria passividade diante de nossas vicissitudes.
O "bicho homem" tem o costume de manter-se na zona de conforto, de evitar o confronto e de criar crenças limitantes, mais fortes e mais impiedosas que qualquer elemento externo.
Sendo assim quando vemos a foto acima tendemos a primeiro nos preocupar em criticar a situação, imputando um culpado ao em vez de imaginar o que fazer par isso não acontecer.
Precisamos mesmo sempre buscar um culpado? Isso realmente resolve o problema? Será temos um culpado para situações como esta que ocorrem todos os dias inclusive no quintas de nossas casas?
Nos mais de 13 anos em nossa profissão nunca ouvi um Empregador dizer que não está nem aí para a saúde, ou que não se importaria que um trabalhador morresse durante ou seu trabalho, da mesma forma que nunca vi um trabalhador dizer que não se importava de perder sua vida durante o trabalho ou que ficar doente faz parte da sua atividade.
Mais se estes discursos representam suas verdades, porque suas ações revelam outra realidade? Porque nenhum "Dono ou Diretor de Empresa" assume que não se importa de um trabalhador seu morrer ou porque um trabalhador não assina seu próprio atestado de óbito se todo seu comportamento leva ambos para um destino trágico?
Já pararam para pensar porque temos esse paradoxo?
Eu particularmente acredito que seja apenas por uma questão de ponto de vista!
Este "cidadão" não fez isso porque não tem amor a própria vida.
Apenas não acredita que pode cair! Ele sinceramente acredita que tem todas as variáveis estão em suas mãos e que por ser uma coisa tão simples nada pode dar errado.
O empregador por sua vez, mesmo tendo "ciência maior" do risco acredita cegamente todos os elementos estão a seu favor e nada pode fugir ao seu controle.
Na minha humilde opinião esta forma de pensar tem se deve a três aspectos:
OLHAR X ENXERGAR
AZAR X SORTE
PERIGO X RISCO
Não existe em nós uma cultura de prevenção. Estamos acostumados a dar "jeitinho" para resolver os problemas. No caso da foto a melhor opção era o galpão deste ter uma escada fixa e acesso ao telhado para os serviços de manutenção.
Costumo dizer que 90% dos problemas que existem em segurança e saúde do trabalho é responsabilidade da falta de planejamento e ações anteriores ao problema. Tanto empresa como nós não estamos acostumados a se antecipar ao problema e na maioria das vezes queremos resolver da forma mais fácil para nós.
Muitos diziam é simples. aluga uma plataforma elevatória e realiza o serviço! Simples assim.
Mais na "cabeça da empresa" a locação de um equipamento deste para um serviço de duas horas é um custo desnecessário. E nesta hora que entramos com uma de nossas peguntas clássicas: Mas quanto vale a vida do seu empregado?
Essa pergunta realmente só faria sentido se o empregador realmente conseguisse enxergar que este trabalhador realmente pode cair.
É só subir na escada, bem presa ao trator e se segurar bem firme na escada não tem erro.
Não podemos trabalhar apenas com suposições e leis, precisamos trabalhar com fatos, evidências e estatísticas.
- Qual a quantidade de acidentes com escadas na empresa, na atividade, na região no brasil?
- Qual o índice de óbitos com este tipo de atividade?
- Quais as circunstâncias factíveis que realmente podem levar o trabalhador ao chão? Um mau súbito, quebra da escada, deslizamento da escada sobre a superfície do trator, movimentação do equipamento. Por mais absurdas que sejam as sugestões práticas, precisamos ajudar tanto empresa e empregador a identificar todas os pontos positivos e negativos daquela atividade.
Dizer que está errado e que precisa seguir a norma não resolve o problema!
Quando nós nos envolvemos nas soluções mesmo que não as ideais, mais garantimos a vida do trabalhador nós temos uma vitória.
Quando nós mostramos a nossa preocupação com soluções otimizadas e com menor custo ganhamos pontos com o Empregador. Para a empresa ter nossa confiança como profissional ela precisa entender que estamos do mesmo lado e que não estamos ali apenas para procurar problemas e sim para ajudar a resolver.
Quando o trabalhador observa que você quer ajudá-lo a fazer sua atividade e que pondera os riscos ao invés de forçá-los garganta abaixo ele tende a ser mais flexível.
Sendo assim amigos eu entendo que parte da culpa também é nossa!
Infelizmente nossa formação não nos prepara para antecipar e planejar, tanto o curso técnico, quanto a especialização em Engenharia de Segurança são uma enxurrada de leis e normas, nos ensinando o que é certo e o que é errado em conformidade aos requisitos legais.
Em nenhum momento aprendemos o que é certo ou é errado na prática, como ajudar a empresa a realizar uma solda em um tanque de um caminhão pipa às 15:00, sem existir o básico de atendimento a NR-33. Como lidar com uma situação desta? Falar que o serviço não pode ser executado? Ou criar condições para que a atividade seja realizada com menor dano ao trabalhador? Ou é melhor terceirizar o serviço para outra empresa que tenha melhores condições de segurança?
Isso nenhum curso ensina. E por nos vermos em uma situação complicada entre se posicionar quanto a aplicação das normas ou permitir que a empresa execute a realização dos trabalhos, a maioria se presta a fazer um relatório, tirar umas fotos e deixar que o trabalho seja feito do pior jeito possível.
Não estou dizendo para dar um jeitinho de burlar as normas, mais sim em aplicá-las da melhor maneira possível. Fazendo sim seu relatório, mas "brigue" até o final para as condições serem as melhores dentro do possível. Se não alcançarmos 100%, procuramos 95, 90 ou até 60%, mais sempre devemos garantir a vida!
Bem amigos peço perdão se algumas palavras pareceram meio agressivas, mais deixo claro que este não é o objetivo. Quero apenas que possamos pensar e agir diferentes para conseguirmos resultados diferentes e antes de mudar as empresas e os trabalhadores devemos iniciar uma mudança na forma com que tratamos os problemas.
Voto por sermos conhecidos por achar Solução e não Problemas.
Nos próximos artigos vou trazer algumas considerações que acho importante a cerca dos três aspectos que impactam diretamente nosso sucesso na profissão:
OLHAR X ENXERGAR
AZAR X SORTE
PERIGO X RISCO
Victor Costa, Eng. de Seg. e colaborador NRFACIL
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