(NR-17): TREINAMENTO NÃO REDUZ O RISCO DE LESÕES NO TRABALHO DE ELEVAÇÃO MANUAL DE CARGAS
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OS RISCOS DE ELEVAÇÃO MANUAL DE CARGAS
Treinamentos para técnicas de elevação manual de cargas continuam a ser utilizados como a principal ferramenta para controlar riscos de trabalhos manuais nos ambientes de trabalho. Entretanto, evidências indicam que não há técnica segura de elevação manual de cargas e nem que qualquer treinamento possa minimizar os riscos.
Riscos manuais relacionam-se às atividades de erguer, baixar, empurrar, puxar, carregar, mover, segurar pessoa, animal ou coisa. Esses riscos contribuem para desenvolver lesões musculoesqueléticas, que podem ser permanentes ou impactar a habilidade de uma pessoa para o trabalho ou para a qualidade de vida, assim como a produtividade e performance econômica da empresa à qual ele está ligado.
Neste post destacamos alguns estudos sobre a inconveniência de se erguer cargas manualmente, concluindo que esse trabalho deve ser feito preferencialmente por meios mecânicos.
Estudos comprovaram que mesmo com treinamento em técnicas de elevação de cargas não há redução significativa para o risco de lesões. Ou seja, não existe “forma segura” neste tipo de trabalho. Pesquisa do Jornal Britânico de Medicina em 2008 concluiu que não há evidencia para fundamentar a utilização de aconselhamento ou treinamento em técnicas de trabalho para elevação manual de cargas na prevenção de dores na coluna ou incapacidade”. O Estudo concluiu que o programa de treinamento não diminuiu a incidência de lesões na coluna vertebral, mesmo utilizando-se do clássico conselho: “costas para trás ou apoio nos joelhos”.
A principal razão para a falta de efetividade no treinamento de técnicas de elevação manual é que os fatores que causam as lesões não mudaram ou até se intensificaram. Mesmo que os trabalhadores tentem aplicar técnicas de elevação desenvolvidas em programas de treinamento, eles continuam expostos a riscos de lesões graves.
ESFORÇOS MANUAIS
Quanto tiver que encarar uma tarefa manual que envolva elevação de cargas, algumas questões iniciais devem ser consideradas:
– porque os trabalhadores precisam erguer a carga?
– poderia esta parte do trabalho ser eliminada?
– a tarefa poderia ser realizada de outra forma?
Riscos ergonômicos mais comuns para o desenvolvimento de lesões musculoesqueléticas:
Esforço repetitivo ou continuado |
Força intensa ou súbita |
Movimento repetitivo |
Posição contínua ou postura desconfortável |
Exposição a vibração |
Lesões musculoesqueléticas mais comuns:
Estiramentos musculares e torções |
Ruptura de tendões e ligamentos |
Prolapso de discos intervertebrais (os discos saem do lugar) |
Tendinite dos ombros e cotovelos (doença inflamatória) |
Sindrome do túnel do carpo (o túnel do carpo envolve ligamentos e tendões do punho) |
Medidas de controle devem considerar:
Posturas, movimentos, forças e vibrações relacionadas à tarefa |
A duração e frequência da tarefa |
Condições do ambiente de trabalho que podem afetar a performance do operador |
O desenho da área de trabalho |
A estrutura do ambiente de trabalho |
A natureza, tamanho, peso e número de pessoas ou animais ou coisas envolvidas na tarefa |
Inconveniência do trabalho em equipe para levantamento de cargas:
Os trabalhadores não apresentam semelhanças em tamanho, força física ou experiência |
A força não é exercida simultaneamente |
A carga não é dividida de forma proporcional |
Pode haver aumento da carga ou mudança de balanceamento se um dos membros da equipe perde força ou aderência; |
a instabilidade de um dos trabalhadores poderá ocasionar lesões em outros |
OUTROS ASPECTOS:
Um Programa baseado no treinamento de trabalhadores para elevação de cargas depende do comportamento humano, que varia em resposta a uma gama de fatores nos ambientes de trabalho. É preciso observar, ainda, a idade do trabalhador e se ele é obeso, fatores que agravam o risco de lesões. É preciso sobretudo desenvolver controles de engenharia para remover a necessidade do envolvimento manual.
PÉS PARA TRÁS E APOIO NOS JOELHOS FUNCIONA?
Esses “conselhos” não podem ser facilmente aplicados neste tipo de trabalho e é inefetivo para reduzir lesões. A elevação de cargas é apenas uma parte do trabalho manual requerido em ambientes de trabalho. Outros riscos são desconsiderados, como empurrar, puxar e carregar. Assim, o treinamento deve procurar orientar os trabalhadores em como utilizar outros recursos e dispositivos de segurança para esse tipo de trabalho.
EXERCÍCIOS E ALONGAMENTO AJUDAM?
Pesquisas indicam que isso tambem não adianta. O foco deve ser a mudança para substituir a elevação de cargas manual para sistemas mecanizados.
O CINTO DE COSTAS PODE AJUDAR?
Segundo a pesquisa, também não.
BOLAS DE GINÁSTICA SERVEM?
Isso é material de reabilitação e não de trabalho, segundo a pesquisa. Tambem não adianta.
HÁ DIFERENÇA ENTRE CARREGAR PESO NO TRABALHO E NA ACADEMIA?
Carregar peso em uma academia de ginástica é feito em um ambiente controlado e monitorado para assegurar a manutenção de boa postura. Os pesos são utilizados por um período de tempo limitado, geralmente 3 vezes por semana, com uma duração curta. O treinamento apenas visa alguns grupos musculares por uma quantidade limitada de repetições. Isto é muito diferente em relação ao que se faz nos ambientes de trabalho.
A NR-17 (ERGONOMIA)
Observe o que prescreve a NR-17 sobre o assunto. Abrindo-se a pasta da NR-17 no site NRFACIL, abre-se uma caixa contendo um Remissivo de assuntos. Ao clicar-se em LEVANTAMENTO, TRANSPORTE E DESCARGA INDIVIDUAL DE MATERIAIS, verifique o conteúdo da norma. No item 17.2.1 o transporte manual é definido como sendo suportado por um único trabalhador. E no item 17.2.4 aparece uma recomendação compatível com os estudos abordados, que é a adoção de medidas técnicas substitutivas ou limitadoras do trabalho manual:
Boa leitura!
Fonte principal: Workplace Health and Safety Queensland
Leia tambem: Manual de Ergonomia (UNICAMP)
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