ALARME ESTAVA DESLIGADO NO ACIDENTE DA BP
QUEM PODE MONITORAR O ECOSSISTEMA GLOBAL
(infográfico acima publicado no NYTimes; observe as manchas escuras e cinzas, avançando do mar sobre o as praias e o litoral dos Estados, em uma área provavelmente quase igual à da Amazônia, desde a fonte de vazamento – trad de source of leaking oil)
Os fatos envolvendo o acidente da Plataforma de petróleo da BP, no Golfo do México, nos remetem, embora paradoxalmente, à questão de internacionalização da Amazônia. Os países desenvolvidos, liderados pelos Estados Unidos e Inglaterra, alegam incompetência dos brasileiros na gestão de um meio ambiente tão complexo como a nossa floresta, sendo o principal problema o desmatamento.
Entretanto, diante deste acidente, que liberou milhões de litros de petróleo e que provocou, além de acidentes de trabalho fatais, danos irreversíveis ao meio ambiente em diversos Estados americanos, é de se perguntar se esses países desenvolvidos tem mesmo competência para preservar e monitorar o seu próprio meio ambiente.
Um dos aspectos mais importantes deste acidente foi a incapacidade de conter o vazamento de óleo no oceano, mais ou menos como se alega que os brasileiros não conseguem conter o desmatamento da Amazônia. Sem contenção, o óleo do poço foi invadindo o território americano e acabou causando prejuízos muito maiores ao meio ambiente do que 50 anos de desmatamento da amazônia. A empresa (British Petroleum) é da Inglaterra e o meio ambiente que sofreu o maior dano é dos Estados Unidos. Seria interessante que os americanos e ingleses agora calassem a boca sobre a Amazônia e mandassem as ONGs ambientais que estão fuçando por aqui irem lá para o Golfo do Mexico e Estados Unidos. Ainda não tivemos informações se o Greenpeace, que é financiado por multinacionais como a BP, tinha aparecido por lá, antes do acidente.
É hora de avaliar quem quer na verdade preservar ou apropriar-se do Meio Ambiente global.
UM DIRETÓRIO COMPLETO DE IRREGULARIDADES DE PRIMEIRO MUNDO
O artigo abaixo, relativo a um dos mais complexos acidentes industriais maiores (Convenção 174-OIT), provocando fatalidades e graves repercussões ao meio ambiente, foi publicado na página central do jornal The New York Times, edição de 24/07/2010. O artigo vai mostrando as infrações a praticamente todas as diretrizes da Convenção 174.
By ROBBIE BROWN Published: July 23, 2010
O alarme de emergencia da Plataforma da BP não foi totalmente ativada no dia do acidente que causou incêndio e explosão, matando 11 trabalhadores e liberando um vazamento maciço de óleo no Golfo do Mexico, de acordo com uma auditoria. (O acidente afetou tambem o litoral de vários Estados americanos).
UM DIÁLOGO CRÍTICO DE SEGURANÇA
Um trabalhador chefe da equipe técnica do equipamento afirmou que o alarme de segurança estava geralmente configurado para “travado” para evitar que a tripulação da plataforma fosse despertada durante a madrugada com sirenes e luzes de emergência. Eles não queriam que o pessoal acordasse as 3 da manhã por causa de falsos alarmes. Assim, o alarme não soou durante a emergencia, deixando que os trabalhadores recebessem informações apenas através do sistema de alto falantes.
Nota do Blog: na Europa e Estados Unidos é muito comum os alarmes soarem para treinamento de segurança e evacuação de ambientes, sem que esteja ocorrendo de fato um acidente; esses alarmes as vezes são acionados durante a madrugada e quando os trabalhadores e usuários percebem que era apenas um exercício, ficam contrariados; tudo indica que para evitar esse incômodo, o alarme estava travado, que não soou, mas para piorar, o que ocorreu era mesmo um grave acidente. Este fato nos remete a uma das inserções anteriores deste blog sobre “Diálogos Críticos em Segurança” que falava sobre falhas no procedimento de segurança “para o bem estar da equipe” ou “para não incomodar os chefes” – releia aquela inserção e compare com a atual.
Enquanto não se sabe o que poderia ter salvo os trabalhadores que morreram no desastre, a ausência de um funcionamento correto e total do alarme dificultou os esforços para uma evacuação segura da plataforma.
A empresa que alugou o equipamento para a BP disse que os trabalhadores tinham permissão para configurar o alarme de forma a que não soasse desnecessáriamente quando se sabia que centenas de outros alarmes locais poderiam ser ativados para um incidente ou quase-acidente ou a uma não emergência mesmo.
“Isto não foi um descuido da segurança ou feito como um procedimento de conveniência”, disse a companhia responsável pelo equipamento. A empresa tambem destacou que havia sido feita uma auditoria independente do equipamento no início de abril no qual os inspetores testando o sistema de detecção de incêncio não encontraram detectores travados.
Uma equipe de 6 membros está investigando o desastre que liberou um dos maiores vazamentos de oleo na história dos Estados Unidos.
Ouvidos esta semana, membros da equipe descreveram a ocorrência de repetidas falhas nas semanas anteriores ao desastre, incluindo falhas no fornecimento de energia, computadores fora do ar e vazamentos em equipamentos de emergência.
A história de erros mecânicos foi documentada em uma auditoria confidencial conduzida pela BP sete meses antes da explosão. De acordo com um documento de setembro de 2009, quatro oficiais da BP descobriram que a empresa proprietária do equipamento de segurança (alarme) havia deixado 390 reparos pendentes, incluindo vários considerados de alta prioridade e que iriam requerer mais de 3.500 horas de trabalho para os reparos. Não ficou claro quantos desses problemas permaneceram até o dia da catástrofe.
A Auditoria encontrou que Relatórios de erros foram ignorados pela empresa mantenedora do equipamento. “Consequentemente, um número de recomendações que a empresa havia indicado como resolvido, havia se deteriorado de novo ou não havia sido corretamente corrigido quando foi diagnosticado”, escreveram os investigadores.
FALHAS EM RESPEITAR AUDITORIAS
Em uma declaração, a BP disse que havia uma expectativa de que a empresa de manutenção levasse a auditoria a sério. O objetivo era que a empresa de manutenção tivesse abordado todos os itens críticos de segurança de uma maneira rápida. Como foi dito previamente, o acidente da plataforma tinha multiplas causas potenciais, incluindo falha de equipamento.
Durante uma Audiência, testemunhas disseram que erros e improvisos tiveram um papel na composição dos problemas do equipamento.
Um Engeheiro especialista disse aos investigadores que os membros da equipe tinham feito de forma incorreta um teste crítico de emergência do equipamento e não detectaram um pequeno vazamento de gás aproximadamente uma hora antes da explosão.
Um Engenheiro de petróleo e professor universitário disse aos investigadores que os dados do equipamento mostraram que os membros da equipe falharam em corrigir um teste de pressão no poço.
“Afinal, a realidade não é um teste”, disse o engenheiro, após rever os registros de ações da equipe. Durante meses, sobreviventes e a empresa de manutenção haviam assegurado que o teste de pressão do poço tinha sido conduzido de forma apropriada.
O Engenheiro adicionou novos detalhes sobre o equipamento testemunhando que um outro oficial da empresa mantenedora havia configurado um sistema crítico para remover gas do poço para a função “modo de bypass”. Quando o Engenheiro questionou aquela decisão, o oficial da manutenção falou que ele havia sofrido uma reprimenda. “E o pior é que a coisa estava em bypass por cinco anos – melhor dizendo, a plataforma inteira rodava em bypass”, disse ele.
Os problemas existiam desde o início de funcionamento do poço, disse o Engenheiro. Por diversos meses, o sistema de computadores estava desligado, produzindo o que os membros da equipe chamavam “a tela azul da morte”.
Reposição de hardware (sistemas de informação e computadores) tinha sido requerido mas não foi instalado na época do desastre.
PRESSÃO FINANCEIRA E NEGLIGÊNCIA EM CADEIA
Nas semanas finais de perfuração, supervisores estavam sob intensa pressão financeira para completar o poço doente, disseram várias testemunhas. A BP estava 43 dias atrás do cronograma quando o poço explodiu, custando à empresa cerca de 1 milhão de dólares por dia.
Das ordens de segurança determinadas à empresa mantenedora, algumas foram simplesmente rejeitadas, sem que nenhuma redução do risco fosse demonstrada.
Observaram-se condições inseguras de trabalho incluindo uma fina película de lama do poço supostamente de equipamentos impermeáveis que vazavam e equipamentos de segurança com data de inspeção vencida. Os registros de manutenção eram defasados com ausência de informações e qualidade pobre de relatórios que deixavam de registrar detalhes suficientes para convencer o leitor que a tarefa teria sido cumprida de acordo com o procedimento previsto.
Finalmente, um mês antes do acidente uma auditoria da “cultura de segurança” da plataforma de uma seguradora encontrou alguns trabalhadores apavorados sobre práticas de segurança e assustados com represálias se eles registrassem os erros.
Tradução livre: Samuel Gueiros, Med Trab Coord NRFACIL
Nota do Blog: o artigo acima é um cardápio completo de irregularidades encontradas em auditorias de segurança; para o nosso leitor que já é experiente ou para aquele que está iniciando na área de segurança, os fatos relatados neste Relatório inclui praticamente a maioria das situações críticas em segurança. É uma aula completa.
E assim como lá nos Estados Unidos, aqui no Brasil, auditorias são realizadas, inclusive pelos auditores do Ministério do Trabalho, mas os erros se repetem e a impunidade sem dúvida é a mãe de todos os erros de segurança.
E ainda tem empresas que estão reclamando do FAP, talvez uma única esperança de que o onus fiscal dos acidentes possa reverter os agravos crescentes à saúde e segurança dos trabalhadores, que é quem acabam sempre pagando por esses erros. E assim como em todos os acidentes de trabalho e que neste caso reverteu gravemente para o meio ambiente, este da BP mostra que o prejuizo financeiro do acidente é sempre maior do que o investimento em segurança.
É nisso que termina quando se tem lideres que só pensam no dinheiro.E a vida de todos os trabalhadores que deveria ser o bem maior de todas as empresas.!!
A Segurança do Trabalho tem um papel importante nas Empresas, Algumas atribuições: reconhecer o risco, analisar, registrar e informar aos responsáveis, sugerindo as adequações necessárias para: 1º Segurança das Pessoas/ Meio Ambiente; e 2º o Bem material .
A Segurança do Trabalho tem um papel importante nas Empresas, Algumas atribuições: reconhecer o risco, analisar, registrar e informar aos responsáveis, sugerindo as adequações necessárias para: 1º Segurança das Pessoas/ Meio Ambiente; e 2º o Bem material .