NRs 7, 15, 18 e 29: EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO CHUMBO
BLOG NRFACIL edição de 08/03/2011
Perda auditiva passa a ser também incluída como sequela de exposição ao chumbo.
Perdas auditivas ocupacionais estão ligadas, em sua grande maioria, à exposição a ruído de intensidade elevada, por um período de tempo prolongado. Além do problema do ruído, a literatura também revela que outros agentes presentes no meio ambiente ou na indústria, como os agentes químicos, inclusive o chumbo, podem causar perdas auditivas.
(http://www.scielo.br/pdf/%0D/rboto/v68n4/a18v68n4.pdf ).
METAL PESADO
Metal pesado encontrado em abundância na crosta terrestre, o chumbo é o poluente de maior ameaça em escala global: estima-se que 10 milhões de pessoas vivam em regiões contaminadas. Material químico chave para a criação de baterias de carro ( ¾ de sua produção anual é destinada à indústria automotiva), o chumbo é frequentemente liberado no meio ambiente através de processos de reciclagem informais, sem controle de segurança ambiental, e também pela atividade de mineração.
As principais formas de contaminação se dão pela ingestão de alimentos ou água contaminados e por inalação de partículas de poeira da substância, que pode se armazenar por até 30 anos no tecido ósseo. Os efeitos da exposição ao chumbo são devastadores e incluem danos neurológicos, redução de QI, anemia, distúrbios nervosos, perda de controle muscular e, em graus elevados, até a morte.
cenário de fábrica que utiliza chumbo
CONTAMINAÇÃO
As principais formas de contaminação se dão pela ingestão de alimentos ou água contaminados e por inalação de partículas de poeira da substância, que pode se armazenar por até 30 anos no tecido ósseo. Os efeitos da exposição ao chumbo incluem ainda danos neurológicos, redução de QI, anemia, distúrbios nervosos, perda de controle muscular e, em graus elevados, até a morte.
De março a outubro de 2010, mais de 400 crianças menores de cinco anos morreram pelo envenenamento por chumbo no norte da Nigéria, e outras 18 mil pessoas podem ter sido envenenadas. Na ocasião, o minério garimpado nas redondezas, que é levado aos vilarejos para processamento – trabalho realizado com frequência por mulheres e crianças pequenas – teria contaminado o solo, ar e fontes de água locais (fonte: Exame.com, Folha.com).
Algumas NRs fazem referência ao chumbo, principalmente a NR-7 (PCMSO) onde estão estabelecidos parâmetros para controle biológico de exposição ocupacional. Na NR-15 (Insalubridade), aparece como agente químico cuja caracterização no local de trabalho, dependendo da atividade, configura insalubridade de graus variados. Na NR-18 (Construção Civil), há norma para a existência obrigatória de dispositivo de exaustão de fumos originados no processo de solda e corte utilizando chumbo. E na NR-29 (Portuário) é considereada perigosa a presença de material contendo chumbo nas áreas de carga e descarga.
FATORES DE RISCO
SAÚDE NO TRABALHO E MEIO AMBIENTE
Os riscos à saúde associados à exposição ao chumbo foram constatados há pelo menos 2000 anos. Diferentemente de outros metais – como o ferro, o zinco, o cobalto, o cromo, o manganês, o cobre – o chumbo é um elemento totalmente estranho ao metabolismo humano, em qualquer quantidade.
É uma neurotoxina cuja presença nos diversos tecidos, a partir de uma concentração limiar, interfere em diversas passagens metabólicas, causando os sinais e sintomas da doença conhecida como saturnismo ou intoxicação pelo chumbo. Tal quadro pode tanto ter origem ambiental, mais restrito às crianças, quanto origem profissional, quando é chamado de intoxicação profissional pelo chumbo (IPCh).
Assiste-se hoje à diminuição da ocorrência da IPCh nos países do primeiro mundo, enquanto nos países como o nosso esta doença avança ainda.
Apesar da inexistência de dados sistematizados sobre a prevalência da IPCh em nosso meio, as informações atualmente disponíveis permitem supor que ela seja relativamente alta. Somente na cidade de Bauru, região noroeste do estado de São Paulo, foram diagnosticados 800 casos desta doença em trabalhadores de duas indústrias de acumuladores elétricos, entre 1985 e 1987. Em pesquisa realizada na região da Grande Belo Horizonte em 1987, encontrou-se 5296 de prevalência da IPCh entre trabalhadores do setor de fabricação e reformas de acumuladores elétricos. Em 1989 encontrou-se uma prevalência de IPCh de 38% na maior fábrica de acumuladores elétricos da cidade de Campinas (www.scielo.br).
Embora alguns autores ainda discordem da utilização dos LTB (limites de tolerância) como critério para a confirmação da IPCh, na prática, esta doença, cujos sinais e sintomas iniciais são absolutamente inespecíficos, é diagnosticada em nosso meio quando em um trabalhador que apresenta exposição profissional ao chumbo são constatados valores de indicadores biológicos que excedem os LTB definidos na NR-7.
Analisando especificamente o chumbo, o seu uso industrial é vasto, porém a produção de baterias (acumuladores) representa, provavelmente, o segmento industrial responsável pelo maior consumo desta substância nos países em desenvolvimento.
Em razão das suas propriedades tóxicas e das condições de trabalho existentes em diversas indústrias, os trabalhadores deste setor encontram-se freqüentemente expostos a elevadas concentrações do chumbo, e conseqüentemente, sujeitos à intoxicação.
Numa bateria comum cerca de 65% de seu peso é chumbo, seja em sua forma metálica ou seja sob a forma de óxido de chumbo. Com o grande incremento da indústria automobilística criou-se a necessidade de muito maior produção de acumuladores. Sabe-se que a vida útil de uma bateria é cerca de 26 meses, sendo portanto comum que um mesmo carro necessite 2 ou mais acumuladores. Em vista disto, é de se esperar ainda multas intoxicações nesta indústria, pois o aumento de produção não é seguido, via de regra, pelas medidas acauteladoras adequadas à manutenção de saúde.
PEQUENAS EMPRESAS
O chumbo é um dos componentes na fabricação de tintas imobiliárias, gráficas, artísticas e de uso infantil e escolar, vernizes e materiais similares. Em agosto de 2008, foi aprovado um projeto de lei que proíbe “a fabricação, comercialização e distribuição de produtos com concentração superior a 0,009% de chumbo, em peso, expresso como chumbo metálico, determinado em base seca ou conteúdo total não volátil, de acordo com a lei federal brasileira de número 11.762.
No Brasil, são milhares de pequenas empresas, fábricas e reformadoras de baterias do sul ao norte do país, utilizando o chumbo como matéria-prima, sem um controle apropriado, além da exposição casual, como por exemplo, a existência de acumuladores espalhados nos quintais das casas sem qualquer medida de proteção, como na figura acima. Este quadro demonstra que em termos de prevenção há muito a ser feito nesta área.
FUNILARIA
Na área de funilaria, certos modelos necessitam uma correção das eventuais imperfeições de estamparia (prensas). O operário, com auxilio de maçarico, derrete a barra de chumbo e com uma espátula vai preenchendo os defeitos. Nesta fase, o desprendimento dos fumos metálicos do chumbo não é prejudicial. Posteriormente, porém, as irregularidades da superfície corrigida com o chumbo devem ser lixadas. Agora a operação expõe o funcionário à poeira de chumbo, e, se medidas adequadas de proteção não forem tomadas, certamente aparecerão intoxicações.
É usado na construção civil, na indústria bélica, na produção de soldas, fusíveis, revestimentos de cabos elétricos, entre outros. Também é incorporado ao cristal na fabricação de copos e outros utensílios domésticos, ressaltando seu brilho e durabilidade, embora possa contaminar os alimentos. Em virtude de sua elevada toxicidade e dos seus compostos, regulamentações ambientais cada vez mais restringem a sua aplicação.
Existem duas vias de intoxicação: o epitélio das vias respiratórias absorvendo fumaça de chumbo ou impelindo partículas para a faringe onde são deglutidas, e a pele, por meio da qual o tetraetilato de chumbo e compostos semelhantes são absorvidos. Em ambos os casos, o chumbo, ao entrar na circulação periférica, irá acumular-se no fígado, baço, rins, coração, pulmão, cérebro, músculos e sistema esquelético, sendo que suas principais ações deletérias manifestam-se sobre os sistemas hematológico, nervoso, renal, gastrintestinal e reprodutor.
Estudo demonstrou que a chance de morte por doença cardiovascular foi quase seis vezes maior nos homens com os mais altos níveis de chumbo no sangue (foto coraçãosaudavel.terra.com.br).
O ARTISTA E O CHUMBO
(revistaepoca.oglobo.com.br)
Há 53 anos, uma multidão emocionada se aglomerou dentro no Teatro Municipal do Rio de Janeiro para se despedir de Guerra e paz, obra que o artista Candido Portinari considerou o melhor trabalho realizado por ele. Eram dois painéis gigantes. Cada um com 14 metros de altura por 10 metros de largura, composto de madeira de compensado naval coberta de tinta a óleo, pesando 700 quilos. A obra, realizada no fim da vida de Portinari, partiria de navio em breve para seu destino final – a sede das Nações Unidas, em Nova York –, e a intelectualidade da época havia se organizado para exigir que a obra fosse exposta ao menos uma vez antes de sair do país.
A importância dos painéis Guerra e paz reside não só em sua grandeza física, mas também na predileção que Portinari tinha por eles, dentre suas cerca de 5 mil obras. Muito sobre quem foi Portinari pode ser apreendido por meio da história da criação das duas obras. Em 1952, quando recebeu a tarefa de produzir os painéis, Portinari já sabia que sua saúde estava comprometida pela intoxicação causada pelo uso, em seu trabalho, de certas tintas que continham componentes de chumbo. Mesmo proibido pelos médicos, não quis deixar de produzir o que seria o maior trabalho de sua vida. A doença acabou levando o artista à morte em 1962. Na época em que recebeu a proibição médica de pintar, Portinari disse, em entrevista ao jornal O Globo: “Estou proibido de viver”.
SITUAÇÃO NO BRASIL: ESTUDO DE CASO
Em 1960, instalou-se em Santo Amaro da Purificação (BA) uma multinacional francesa de beneficiamento de chumbo, talvez numa tentativa de revitalizar a economia do município que, historicamente, sempre foi baseada no cultivo da cana-de-açúcar. No entanto, o que se viu foi a contaminação ambiental da cidade com a emissão de efluentes lançados indiscriminadamente através da chaminé da fábrica e nas águas do rio Subaé, além de centenas de trabalhadores considerados inválidos devido à exposição ao chumbo. Em 1989, a fábrica foi adquirida por uma empresa brasileira, que mesmo tendo herdado o passivo ambiental e trabalhista, não cumpriu com as suas obrigações. Ao encerrar as atividades em 1993, deixou para trás duzentos e cinquenta trabalhadores desempregados (que ainda aguardam, juntamente com seus familiares, a conclusão de várias ações judiciais) e cerca de quinhentas mil toneladas de resíduo industrial (escória).
Uma pesquisa realizada em 1980, afirmou que 96% das crianças residentes a menos de 900 metros da fundição tinham concentração de cádmio e chumbo no sangue acima do valor normal de referência, e os níveis encontrados no cabelo eram proporcionais às concentrações desses metais no solo. Outro dado informava que o nível de contaminação na cidade era vinte nove vezes maior que o tolerado pela Organização Mundial de Saúde. (herculano.blogspot.com.br)
Edição e seleção de textos: Prof. Samuel Gueiros, Med Trab, Coord NRFACIL
CORRELAÇÃO NRs E CHUMBO
ESTUDOS NO FORMATO DIGITAL
A pesquisa do chumbo nas NRs pode ser realizada de forma funcional utilizando-se os novos recursos digitais para pesquisa e navegação nas NRs. Veja o site www.nrfacil.com.br para entender como é feita a pesquisa digital de qualquer assunto de NR utilizando-se o Remissivo. Como dissemos no início, o chumbo aparece em 4 NRs.
E como podemos saber quais as NRs que tem conexão com chumbo?
Uma busca muito sensível de NRs está no software NRFACIL. Abaixo, um infográfico com a barra de ferramentas do programa (veja video explicativo) onde clicamos na BUSCA EM TODAS AS NRs da expressão CHUMBO:
Aparecem as 4 NRs relacionadas ao chumbo e mais a NR-26. A NR-26 aparece nessa busca visto que é utilizada como exemplo para se utilizar na rotulagem de produtos perigosos, inexistindo alguma norma específica sobre o chumbo. Vamos estudar como o chumbo aparece nas demais NRs:
Em ordem numérica, o chumbo aparece inicialmente na NR-7 (PCMSO). Observe os infográficos do site: na grade de pastas de NRs, você seleciona a NR-7 e abre o Remissivo. Clique na Seção do Quadro I:
Ao clicar no Quadro I aparecem os parâmetros para controle da
exposição ocupacional ao chumbo
(veja o Quadro completo no site):
exposição ocupacional ao chumbo
(veja o Quadro completo no site):
A outra NR relacionada ao chumbo é a NR-15: Na grade de NRs do site,
clicamos nesta NR e escolhemos no Remissivo o Anexo 13:
clicamos nesta NR e escolhemos no Remissivo o Anexo 13:
Ao clicar no Anexo 13 no item Agentes Químicos,
na seção relacionada a chumbo, vemos os graus de insalubridade:
A outra NR relacionada é a NR-18 (PCMAT):
AO CLICAR NO ITEM OPERAÇÕES DE SOLDAGEM E CORTE A QUENTE:
E finalmente, a NR-29 (Portuário).
Na grade de NRs do site, você clica na NR-29:
E ao clicar no Remissivo no item
Do Responsável pela Embarcação com Cargas Perigosas:
Esses quadros demonstram a possibilidade de acesso e navegação funcional das NRs quando o usuário quer estudar um determinado assunto. Esta técnica, inédita em relação às NRs, está baseada no conceito de leitura digital de conteúdos já empregada em jornais e revistas. Acesse o site e faça o download do software para ter uma experiência digital com as NRs.
E finalmente, a NR-29 (Portuário).
Na grade de NRs do site, você clica na NR-29:
Do Responsável pela Embarcação com Cargas Perigosas:
Esses quadros demonstram a possibilidade de acesso e navegação funcional das NRs quando o usuário quer estudar um determinado assunto. Esta técnica, inédita em relação às NRs, está baseada no conceito de leitura digital de conteúdos já empregada em jornais e revistas. Acesse o site e faça o download do software para ter uma experiência digital com as NRs.
so espero que as lei seja mais dura para que não cumprir com leis trabalhista
trabalho no posto de combustivel ,ha 10 anos,,espero que um dia as leis e nr´s possa muda-la a favor do trabalhador…