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(NRs 6, 7, 9, 12, 18, 31, 33) CONTROLE DE RISCOS EM SILOS
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(NRs 6, 7, 9, 12, 18, 31, 33) CONTROLE DE RISCOS EM SILOS

por Adminstrador4 de março de 2013

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   Você sabe quais são os principais agentes de risco identificados e estudados nos ambientes de trabalho?

Neste post comentaremos sobre uma das atividades na qual coexistem praticamente todas as categorias básicas, inclusive acidentes graves, principalmente explosão e soterramento de trabalhadores.

Vamos rever e estudar esses riscos e seus controles  nas atividades em silos e as principais NRs associadas a essa atividade.

TRABALHO EM SILOS

Se estudamos uma atividade que envolve praticamente todas as categorias de risco, sem dúvida que os silos apresentam um diretório completo. Aproveitaremos, também, para mostrar algumas NRs  estratégicas associadas ao controle desses riscos.  Outras NRs, além das que foram mencionadas no título, devem ser consideradas pelos nossos leitores.

Com o agronegócio em plena expansão, principalmente no Brasil, as atenções dos profissionais em SST se voltam para os trabalhadores nessas atividades. O problema é que, enquanto que os acidentes em silos são os que mais chamam a atenção, é importante analisarmos tambem os riscos e as doenças envolvidas e principalmente porque esses acidentes ocorrem e quais as NRs que devemos recorrer para consulta nessas situações.

Estudos apontam que 38% dos acidentes nessa atividade são ocasionados pela falta dos equipamentos de segurança e 20% são resultados da deficiência na qualificação e na especialização da mão de obra, enquanto o percentual restante estaria dividido em motivos outros, como a falta de fiscalização do cumprimento das normas (25%) e negligência na compra de materiais de segurança nas empresas (17%).

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As atividades com grãos envolvem um complexo de máquinas, equipamentos e silos. O silo, como qualquer outro espaço confinado é um local ou área não projetada para ocupação humana e possui meios limitados de entradas e saídas, contendo ventilação insuficiente para excluir os contaminantes, e possui pequenas concentrações de oxigênio, como forma de prevenção e combate aos organismos patológicos aeróbicos que possam danificar os grãos. O acúmulo de poeiras nos elevadores, pisos e túneis apresentam grandes riscos de incêndios desde que os grãos são aquecidos ao ponto de liberar gases de combustão. A poeira de grão forma uma atmosfera explosiva quando na presença de oxigênio e uma fonte de ignição (calor), presente em todos os lugares onde são armazenados, transportados e processados os grãos. Abaixo, um gráfico do mecanismo de soterramento:

 

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DIRETÓRIO DE RISCOS

Os riscos ocorrem principalmente nas unidades de armazenagem (silos), através das múltiplas tarefas exigidas no processo de tratamento dos grãos (recebimento, limpeza, secagem, expurgo, expedição, etc.). Todas as operações de transporte e deslocamento de grãos implicam na produção de grandes quantidades de poeiras (agentes físicos). Estudos comprovam que nessas atividades 75% das poeiras caem pela ação da gravidade, entretanto, mais de 25% permanecem suspensas. Além disso, as poeiras, após atingirem uma concentração elevada (acima der 1gf/cm3)em áreas pouco ventiladas dos silos, podem provocar explosões, principalmente pela presença de eletricidade estática. Portanto a proteção ambiental é prioritária, enquanto que os principais tipos de EPis para a atividade em silos são os que se relacionam à proteção dos membros e funções expostos a esses riscos, principalmente o cinto trava-quedas para trabalho em altura.

Na operação de expurgo, os trabalhadores utilizam fumigamento de pesticidas (riscos químicos). Condições inadequadas de estocagem  favorecem a proliferação de bactérias, fungos, ácaros e insetos nos grãos (riscos biológicos). A intensidade do trabalho físico aumenta a frequencia respiratória e o volume de ar corrente, aumentando a absorção de agentes de risco. Além disso, as máquinas envolvidas no processo dissipam intenso ruído e vibração, enquanto que as fornalhas dissipam calor excessivo (riscos físicos). O risco de traumatismos (acidentes) ocorrem com dispositivos mecânicos e durante a descarga de caminhões e vagões, além de quedas (trabalho em altura). E, finalmente, os ambientes de trabalhos em silos, principalmente os metálicos, são considerados espaços confinados, que exigem grande esforço físico e coordenação com torções e agressões à coluna vertebral (riscos ergonômicos). Outros exemplos de agravos incluem quedas de altura, asfixia na massa de grãos, intoxicação, choque elétrico e alto potencial de riscos de incêndios e explosões devido ao acúmulo de poeiras no interior do silo e as que ficam depositadas nas máquinas e nos equipamentos elétricos.

downloadAs poeiras acumuladas em áreas de armazenagem e em equipamentos elétricos poderão causar uma explosão se ela for agitada ou colocada em suspensão no ambiente e na presença de uma fonte de ignição com energia suficientemente para iniciar uma explosão, fazendo com que dê lugar a um volume de gás quente que desenvolve uma onda de pressão, causando vibrações subsequentes pela onda de choque, fazendo com que gere uma nova nuvem de poeiras que estavam depositadas nas proximidades causando mais explosões e assim sucessivamente provocando várias explosões secundárias sempre mais devastadoras que a anterior, levando a prejuízos irreversíveis ao patrimônio e principalmente invalidez ou morte dos trabalhadores.

INDICADORES PRECOCES

Com poucos minutos de exposição, já se nota e pele e roupa cobertas pela poeira e sintomas de irritação na pele, olhos, nariz e boca. A exposição ocupacional a poeiras de grãos de cereais começa com uma sensação de desconforto, depois vem períodos de irritação no nariz e nos olhos, crises de tosse e finalmente alterações crônicas irreversíveis provocados por obstrução das vias aéreas. Como em muitos outros fatores de risco presentes nos ambientes de trabalho, é muito longo o período que vai da exposição inicial até a eclosão de uma lesão pulmonar irreversível.  A associação com fumo agrava o risco de piora do quadro pulmonar, chegando à doença pulmonar obstrutiva crônica, que é gravemente incapacitante.

MEDIDAS DE CONTROLE

A estratégia principal consiste na redução dos níveis de concentração de poeira e evitar a contaminação microbiológica da massa de grãos. A eliminação ou redução dos fatores ambientais, previstos no PPRA (NR-9), caracteriza a chamada prevenção primária das doenças ocupacionais. No PCMSO devem ser implementados programas de prevenção primária das doenças respiratórias, utilizando-se métodos de avaliação quantitativa e qualitativa que possam monitorar o risco ambiental de exposição a poeira de grãos e possibilitem orientar medidas de controle, principalmente para aumentar a qualidade do ar no interior das unidades de armazenagem. São úteis as medidas de rastreamento para diagnóstico precoce de doenças respiratórias utilizando questionários de sintomas respiratórios e a espirometria. Outros instrumentos podem medir a presença de gases e prevenir a ocorrência de explosões (veja as NRs abaixo).

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Um dos instrumentos úteis para medir a presença de gases em espaços confinados

CONEXÕES COM AS NRs

Algumas NRs estão relacionadas às atividades com silos que devem ser obrigatoriamente consultadas na prevenção e rastreamento dos riscos nessas atividades. Destacaremos algumas a seguir, utilizando infográficos do site NRFACIL. Abriremos as pastas das NRs focando em determinado assunto relacionado, utilizando o Remissivo de cada NR e assim projetar as principais recomendações.

A principal NR é a 31 (Rural). No Remissivo da NR selecione a opção SILOS e observe as principais instruções, principalmente aquelas relacionadas à proteção individual e ambiental:

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Um dos aspectos principais do trabalho em silos é a situação de confinamento. Na NR-18 já existem diretrizes que devem ser do conhecimento dos profissionais em SST (veja o item em destaque – locais confinados), enfatizando as medidas de proteção ambiental:

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Observe outra importante recomendação, relacionada à composição do SESMT rural ou SESTR. Nenhuma proposição em matéria de segurança pode dar certo se não for implementada por uma equipe técnica, profissionais que deve planejar e implementar ações para a gestão no trabalho rural:

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Outras regras indispensáveis ao conhecimento dos profissionais é o que preconiza a NR-33 com relação medidas técnicas de prevenção (observe no item h mais uma recomendação para espaços confinados):

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Um dos aspectos mais importantes em qualquer programa de gestão, inclusive com relação às máquinas envolvidas no trabalho em silos: a Capacitação. Veja o que preconiza as NRs 12 e 33. Veja, ainda, que há um item da NR relacionada à Gestão de Segurança e Saúde nos Trabalhos em espaços confinados (acesse a pasta da NR-33 no site NRFACIL e veja detalhes deste item):

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E, finalmente, não poderíamos deixar de assinalar as recomendações das NRs 7 e a 9 no processo de antecipação dos riscos e monitoramento da exposição ocupacional no caso do trabalho em silos. Os dois próximos infográficos das NRs 7 e 9 estabelecem as atribuições do Eng de Segurança no processo de antecipação dos riscos e do Médico do Trabalho no monitoramento de aerodispersóides nos ambientes de trabalho:

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Participe do Blog enviando comentários e outros itens de NRs relacionados a este assunto. Ao consultar e estudar as NRs, vc vai aprendendo um pouco mais sobre como essas regras se constituem um excelente Sistema de Informação em relação a riscos e controle de riscos e não apenas um acervo de legislação.

Fontes:
UFRJ, UFRGS, UFPR

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Sobre o Autor:
Adminstrador
6Comentários
  • 7 de março de 2013 até 17:49

    poeiras como agente físico não entendi.

    • 9 de março de 2013 até 15:18

      De fato, Ettjean, as poeiras são classificadas como agentes químicos, desculpe o lapso. Espero que os leitores tambem tenham observado. As poeiras, embora sejam partículas sólidas, estão nessa categoria visto que têm uma ação química no organismo. Obrigado pela contribuição e atenção.

  • Márcio Roberto C de Carvalho
    7 de março de 2013 até 21:06

    Boa noite Samuel Gueiros,excelente matéria, muito bom,parabéns por nos enriquecer com seus post em segurança e saúde no trabalho.

  • Amaro Walter da Silva
    8 de março de 2013 até 11:04

    Realmente, a única vez em que fui solicitado para Consultoria em silos de grãos, foi após a morte de um funcionário em uma empresa de minha região. O acidentado morreu sòzinho, soterrado sob os grãos. A empresa principal, “terceirizou ” o trabalho de limpeza do silos a uma pequena empresa de manutençao, que, sòzinha não tinha condições de cumprir a NR sobre trabalho em espaços confinados que já vigorava. Não aceitei o trabalho porque percebi que a empresa queria apenas que eu estivesse presente no dia marcado pelo Auditor Fiscal do Ministério do Trabalho, e porque vi que as sugestões não seriam seguidas.

  • Fabio
    5 de novembro de 2013 até 01:08

    Boa Noite; sabemos que os riscos fisicos são existentes e o silo não é apropriado para ocupação humana, a recomendação são máquinas disponíveis no mercado para realizar este tipo de serviço, alguém pode informar o nome das máquinas para a limpeza e se existe algum tipo de produto realizado na limpeza do silo

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