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28/04 DIA MUNDIAL DA SEGURANÇA: UM EPI DE 16 MILHÕES DE DOLARES
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28/04 DIA MUNDIAL DA SEGURANÇA: UM EPI DE 16 MILHÕES DE DOLARES

por Adminstrador27 de abril de 2014

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Qualquer SESMT sabe que é barato o custo de EPIs na maioria dos ambientes de trabalho.
Mas vc já pensou porque um EPI, que deve ser o último recurso em segurança, assim mesmo custa 16 milhões de dólares?

ACELERAÇÃO DE PROCESSOS E RISCOS 

Façamos a seguinte reflexão: o aumento da velocidade em tarefas seria necessariamente um fator para provocar acidentes? A resposta seria não, desde que todos os componentes do processo estivessem preparados para essa demanda. No início da Revolução Industrial, a velocidade dos maquinários em processar tarefas era considerada absurda e intolerável. O aumento da velocidade dos automóveis nas ruas a mais de 20km/h era considerado de alto risco e inaceitável. Entretanto, atualmente auto estradas exigem que a velocidade mínima seja de 120km/h e veículos são multados por trafegarem em velocidade menor do que esse limite. Nas indústrias, os processos de automação levaram a grande velocidade o processamento e fabricação de materiais.

Mas observe que todos os componentes do processo estão preparados: as estradas e esteiras são planejadas com alta tecnologia assim como os veículos e materiais que trafegam, e os condutores são mais conscientizados visto que as penalidades por infrações em auto estradas são muito severas e de alto custo. E mesmo assim, na indústria automobilística desenvolveram-se sistemas de segurança e contra impactos ainda mais completos. A introdução do conceito de falha segura em transporte ferroviário, que atinge velocidades de quase 300km/h também reduziu os acidentes nesse setor.

 

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Os vôos espaciais conseguiram levar e trazer tripulação de homens e mulheres com segurança. Mas nesses casos foi dada particular atenção àquilo que persiste como a variável mais frágil em qualquer processo de trabalho, que é o fator humano. Estima-se entre 12 e 16 milhões de dólares os equipamentos de proteção de um astronauta de forma a que ele trabalhe com segurança no espaço. (Fonte: Wikipedia).

images (2)  MATERIAIS E O FATOR HUMANO

Se os equipamentos e maquinários são desenvolvidos atualmente com materiais de   alta resistência, dispositivos complexos de controle, análise, classificação, crítica,  parada e acionamento, inclusive inspirados na tecnologia aeroespacial, o ser humano continua praticamente o mesmo, com seus parâmetros biológicos inalterados, independente da sofisticação da tecnologia nas máquinas. Os processos de fadiga e deterioração biológicas são inexoráveis e dificilmente substituíveis. A exigência de aceleração para o cumprimento de um cronograma crítico necessita obrigatoriamente avaliar a variável humana para estabelecer a viabilidade do objetivo.

download (2)REMUNERAÇÃO COMO UM EPI?

Neste ano de Copa do Mundo, o setor crítico, mais uma vez, tornou-se a construção civil.

Os acidentes nos estádios brasileiros para a Copa 2014 tem revelado este que é um os aspectos mais persistentes na cultura de segurança em todos os países, e no Brasil não seria diferente: a pressa, a necessidade de cumprir um cronograma no menor tempo possível e consequentemente obter-se a maior lucratividade no menor prazo. Cumprir um cronograma dentro do menor prazo e obter o maior lucro possível é uma política saudável de qualquer empreendedor, mas torna-se inadmissível quando essa combinação de variáveis se superpõe ou está em detrimento da segurança dos trabalhadores.

Observe-se que as estatísticas mais recentes do Ministério da Previdência Social registraram mais de 62 mil acidentes – de diferentes gravidades – no setor da construção civil no ano de 2012. Espera-se para 2013 e 2014 números ainda maiores, incluindo os dos estádios da Copa. No Estado de São Paulo – onde dois operários morreram em novembro nas obras da Arena Corinthians – a alta no número de mortes foi significativa, sendo 24 casos neste ano contra sete em 2012.

O número representa um aumento de 12% em relação aos casos ocorridos nos dois anos anteriores. Não existem números atualizados sobre mortes no setor. O mais recente se refere a 2011: 471 casos.

images (4)NOVOS FATORES DE RISCO

Surgem novos fatores de risco, como as horas extras e o excesso de jornada. Mas o que o trabalhador ganha de hora extra, perde no desgaste, na deterioração fisica e no risco de acidentes.

Nenhuma remuneração pode funcionar como EPI.  Na construção civil, a combinação de excesso de jornada e menores os intervalos de folga acaba desgastando mais o trabalhador que se torna, portanto, mais sujeito a acidentes.  O ciclo começa com a pressão do mercado, que exige velocidade da construtora. Essa pressão desloca-se para o trabalhador, exigindo-se maiores jornadas em menos tempo. A hora-extra não é apenas um incentivo, mas percebida como uma espécie de EPI, um suposto dispositivo de proteção que legitima a exploração e o subsequente descarte do trabalhador, caso acidentado, pois a previdência é quem banca o custo.

Segundo autoridades do TST adota-se com certa frequência no setor da construção civil o pagamento rotineiro de horas extras que, por serem sistemáticas, acabam diminuindo o tempo de descanso do trabalhador. Ou seja, a hora extra não se torna um fato corriqueiro e excepcional, mas virou o lugar comum, tornou-se um novo fator de risco. Em alguns casos, os empregadores fazem pagamentos de forma ilegal para horas extras não registradas, num sistema de empreitada. Geralmente um operário comum (pedreiro, encanador, carpinteiro, etc.) costuma ter registrado na carteira de trabalho um salário mensal na faixa de R$ 1,5 mil. Contudo, uma vez em atividade na obra, ele passaria a receber por tarefa cumprida (empreitada) – o que poderia elevar seus rendimentos a até R$ 7 mil por mês. Isso significa trabalhar de 12 a 16 horas por dia e não ter o serviço “por fora” registrado para fins previdenciários ou para contar no 13º salário. Por isso, alguns trabalhadores usam entorpecentes para aguentar as longas jornadas de trabalho – o que aumenta ainda mais o risco de acidentes. A droga mais comum nos canteiros de obras seria o oxi, um derivado da cocaína preparado a partir da pasta base do entorpecente misturado a cal e querosene.

Por outro lado, o não-cumprimento dos prazos envolve multas, que muitas vezes são bem maiores do que o custo dos acidentes. E na maioria dos casos inexiste uma análise preliminar de riscos feita por uma equipe de segurança. Além disso, grande parte dos engenheiros e arquitetos não desenvolveram conhecimentos de segurança e saúde do trabalho. A ênfase recai exclusivamente na segurança da obra, da construção, das edificações. Recentemente, nem isso tem sido levado em conta em vista da pressão do cronograma. Materiais precários são empregados na construção civil para reduzir o custo e acelerar a conclusão da obra, resultando no aumento de anomalias estruturais que acabam provocando infiltração, desgaste, fadiga precoce de material, desabamentos e novos acidentes. Na pressa de terminar, acaba-se atrasando ainda mais a obra. Nas rodovias, as obras são realizadas com material precário e com pouco tempo de uso e sob a intempérie, abrem-se buracos ocasionando não só acidentes de trabalho envolvendo motoristas profissionais, mas de pessoas que transitam nos veículos ou próximas de estradas.

Além disso, a maioria dos contratos de obras falha ao não prever atrasos para a realização de melhorias para prevenir acidentes. Especialista afirma que os contratos também deveriam prever pagamentos de multas maiores por acidentes de trabalho.

FISCALIZAÇÃO

O crônica insuficiência da fiscalização contribui também para agravar a situação, além do valor muito baixo das multas.  E mesmo com a atuação correta da auditoria fiscal do trabalho, verifica-se uma banalização de autos de infração de baixos valores, levando a instauração de TAC (Termo de Ajuste de Conduta) que acaba tambem se banalizando e levando ao ridículo os órgãos de fiscalização e repressão. Por exemplo, na Arena da Amazonia, acidentes ocorreram em plena vigência desse tal Termo de Ajuste de Conduta, que vem se tornando apenas uma fachada legal para coonestar a procrastinação da punição e das medidas de segurança e assim constituir mais um procedimento de garantia e manutenção da impunidade.

Segundo os especialistas, a responsabilidade para esses problemas deve recair tanto nas construtoras como no poder público e nos próprios operários e seus sindicatos.

No Dia Mundial da Segurança no Trabalho, a Ergonomia persiste como a abordagem mais importante para viabilizar segurança e saúde nos ambientes de trabalho.

samuelgueiros2

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