Lendo Agora
NR 18 (PCMAT): Doenças ocupacionais na construção
9

NR 18 (PCMAT): Doenças ocupacionais na construção

por Adminstrador27 de maio de 2009

Fonte:  Marcelo Valletta de Lima

Veja quais são as principais enfermidades que atingem o trabalhador e como preveni-las

Já diz o senso comum: “é melhor prevenir do que remediar”. E é bom mesmo prestar atenção na sabedoria popular, já que muitos trabalhadores do ramo da construção civil estão sujeitos a contrair uma série de doenças diretamente relacionadas à sua ocupação. Felizmente, tais moléstias profissionais são, em grande parte, facilmente evitáveis, desde que alguns cuidados básicos sejam tomados.

Cuidados básicos devem ser tomados.

Cuidados básicos devem ser tomados.

O principal cuidado, concordam os especialistas, é o uso dos equipamentos de proteção, sejam as vestimentas (botas, luvas, capacetes, óculos, roupas impermeáveis, máscaras) ou os aparatos que limitem a ação de fontes excessivas de luz, som, vibração, calor, umidade, poeira e outras que podem causar danos à saúde dos trabalhadores.

Para ajudar a prevenir, é importante saber de onde podem surgir os problemas. “Podemos dividir as fontes de risco de doenças em físicas, químicas ou biológicas”, explica o doutor Douglas de Freitas Queiroz, chefe do Departamento de Medicina Ocupacional do Seconci-SP (Serviço Social da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo).

Riscos físicos
Doenças de causas físicas são, em geral, contraídas por meio de exposição excessiva a fontes de ruído, calor, radiação, umidade, entre outros. Dentre essas, as que costumam causar danos mais freqüentes são as fontes de ruído, que provocam uma seqüência de perdas auditivas, até ocasionarem uma eventual surdez.

Estão sujeitos à diminuição da audição todos os trabalhadores que, completamente desprotegidos, são expostos a ruídos superiores a 85 dB por um período de 8 h/dia. Acima de 85 dB – mais ou menos o equivalente ao barulho de um liquidificador em funcionamento -, o tempo de tolerância ao ruído diminui drasticamente. Um trabalhador sem nenhum equipamento protetor, por exemplo, não deveria ser exposto a sons da magnitude de 116 dB – aproximadamente o barulho de um moinho de grandes proporções – por mais de 15 minutos.

O problema da perda de audição é a dificuldade de diagnóstico, já que o afetado não sente nada socialmente. O doente se acostuma com o ruído no ambiente de trabalho e só percebe que há algo de errado quando não mais consegue ouvir com perfeição a voz humana. Nesse estágio, a pessoa já perdeu cerca de 50% da capacidade auditiva.

Para evitar tal moléstia, o importante é diminuir ou a intensidade do ruído ou o tempo de exposição: basta usar anteparos ou abafadores, de preferência, individuais.

As LER (Lesões por Esforço Repetitivo, um conjunto de doenças que incluem a tendinite, a bursite, a tenossinovite) constituem outro problema bastante freqüente. Trata-se de um fenômeno complexo, causado por uma porção de fatores, inclusive psíquicos, já que o estado mental da pessoa pode influir na força física que ela emprega durante o trabalho.

Apesar do fato de tais lesões – assim como a lombalgia, adquirida por carregamento de peso de modo inadequado, que causa problemas de coluna e desgaste da musculatura vertebral – também possam ser adquiridas por meio de acidentes de trabalho, é mais comum surgirem de maneira crônica, pela execução maciça de movimentos repetidos. O método de prevenção mais difundido é a adoção de pausas regulares e de exercícios de alongamento nos quais sejam realizados movimentos contrários aos que são feitos durante o trabalho.

A exposição constante a vibrações é outro fator causador de doenças ocupacionais. O trabalho com bombas de lançamento de concreto ou rompedores, por exemplo, pode causar danos à audição e à circulação nos membros superiores, além de microrrompimentos, inclusive nos ossos. O uso de luvas é uma das proteções a serem adotadas, mas o melhor é trabalhar com equipamentos que possuam atenuadores de vibração.

Outra fonte de risco é a exposição às radiações, que se dividem em ionizantes e não-ionizantes. As primeiras (raios X, raios gama), com maior poder de alteração de células, são extremamente raras na construção civil, mas as segundas (ondas ultravioleta, infravermelha, microonda, freqüências de rádio) são mais fáceis de serem encontradas. A luz produzida pelo trabalho com uma solda elétrica, por exemplo, pode causar alterações de pele (vermelhidão) ou, em casos mais raros, afetar órgãos internos, como os testículos. Nesse caso, há diminuição da produção de espermatozóides.

Mas a doença mais comum causada pela radiação é um tipo de conjuntivite, caracterizada por ardor nos olhos, que surge após duas ou três horas de trabalho sem proteção. “O soldador normalmente não é afetado, pois usa óculos protetores. O mais visado é o assistente”, lembra o doutor Queiroz.

Catarata e cegueira seriam as conseqüências mais drásticas da exposição desprotegida à luz forte. Por sinal, o Sol e outras fontes de calor também podem causar insolação, problema facilmente evitável com o uso de capacete.

Outro agente físico que pode causar distúrbios é a umidade, em geral, mais presente em trabalhos realizados no subsolo, que afeta as defesas do organismo, provocando queda de imunidade. Sob tais condições, fica mais fácil adquirir doenças infecciosas, além de problemas como o reumatismo.

Um pouco mais raros são os problemas decorrentes do trabalho em condições hiperbáricas – em ambientes de grande pressão atmosférica -, como em plataformas submarinas, por exemplo. Os problemas decorrentes são lesões no ouvido, nos ossos (o fêmur é um dos mais atingidos) e a embolia gasosa, evitada com uma paulatina descompressão ao sair da água.

Riscos químicos e biológicos
Enfermidades causadas por agentes químicos surgem, em geral, do contato com tintas, solventes e outros produtos. Uma das mais comuns é a dermatite de contato. “É causada pela alergia a um produto químico presente no cimento”, explica o doutor Anacleto Valtorta, médico do trabalho do Hospital das Clínicas de São Paulo.

O produto chama-se bicromato e, em contato com a pele, provoca coceiras, vermelhidão e até mesmo o aparecimento de vesículas. “Uma pessoa pode desenvolver a alergia de início ou ser exposta ao bicromato por anos até desenvolver a doença”, explica o doutor Queiroz. Portanto, recomenda-se cuidados básicos, como não deixar cair cimento dentro da bota.

As pneumoconioses, doenças pulmonares causadas pela inalação de diversos tipos de poeira, também são razoavelmente freqüentes. As mais conhecidas são a antracose (causada por aspiração de carvão e de fuligem), a asbestose (em decorrência da inalação de fibras de amianto) e a silicose (pela absorção da sílica livre, presente na areia). Essa última é a mais comum (já que o amianto está em desuso), e os sintomas são falta de ar e tosse. Mas essas doenças não são detectadas em consultório: em caso de suspeita, é preciso fazer um exame de raio X do tórax para confirmar as alterações nos pulmões.

Outro exame de praxe que ajuda a diagnosticar moléstias causadas por agentes químicos é o hemograma. A falta de glóbulos brancos ou de plaquetas no sangue pode ser indício de intoxicação causada por tintas, solventes, esmaltes ou óleos. Os sintomas são náuseas e fraquezas e o melhor modo de prevenir os problemas é o uso de máscara ao lidar com esses produtos.

Já os agentes biológicos são menos comuns no trabalho em construção civil, a não ser que se trate de uma obra em lugares insalubres, como o esgoto, por exemplo. Qualquer contato com bactérias ou vírus pode desencadear diversos tipos de doenças. Novamente, a regra de ouro é a prevenção.

VEJA COMO PREVENIR

tec_8920saude 1 – Perda de audição
Causas: exposição prolongada a ruídos acima de 85 dB
Sintomas: dificuldades de audição
Como prevenir: usar equipamentos abafadores de ruído

2 – Conjuntivite por radiação
Causas: exposição a fontes de luz ultravioleta ou infravermelha
Sintomas: vermelhidão e ardor nos olhos
Como prevenir: uso de óculos protetores

3 – LER (Lesões por Esforço Repetitivo)
Causas: execução constante de movimentos repetitivos por longos períodos
Sintomas: dores nos punhos, cotovelos e ombros
Como prevenir: fazer pausas regulares e alongamentos

4 – Embolia gasosa
Causas: trabalho em condições hiperbáricas (embaixo d’água)
Sintomas: confusão mental, perda repentina da consciência, convulsões
Como prevenir: passar por descompressão paulatina antes de retornar à superfície

5 – Reumatismo
Causas: exposição à umidade excessiva
Sintomas: dores nas articulações
Como prevenir: uso de botas de borracha e roupas feitas de material impermeável

6 – Intoxicação química
Causas: exposição prolongada a tintas ou solventes químicos
Sintomas: fraqueza, náusea
Como prevenir: uso de máscara

7 – Pneumoconioses (silicose, asbestose)
Causas: inalação de partículas (sílica ou amianto)
Sintomas: falta de ar e tosse, causadas por alterações nos pulmões
Como prevenir: uso de máscaras

8 – Doenças bacteriológicas e viróticas
Causas: contato com bactérias e vírus em ambientes de trabalho insalubres, como esgoto
Sintomas: depende do micróbio contraído
Como prevenir: uso de máscara e demais equipamentos de proteção

9 – Lombalgia
Causas: carregamento de peso de forma inadequada
Sintomas: dores na musculatura vertebral
Como prevenir: evitar carregar peso em excesso, usar equipamento de transporte

10 – Dermatite de contato
Causas: exposição ao bicromato, um alérgeno do cimento
Sintomas: vermelhidão, coceira e surgimento de vesículas nas mãos e nos pés
Como prevenir: usar luvas, botas e demais equipamentos de proteção para evitar contato direto com o cimento

11 – Insolação
Causas: exposição prolongada aos raios solares ou outras fontes de calor
Sintomas: queimaduras, sentimento de desorientação
Como prevenir: uso de capacete e ingestão regular de líquidos não-alcoólicos

Sobre o Autor:
Adminstrador
9Comentários
  • izabel Teresa CarneiroRibeiro de Oliveira
    4 de agosto de 2011 até 17:04

    Muito bem esclarecida a nr 18 a respeito das doenças ocupacionais na construção civil gostei muito, tirou-me algumas dúvidas.
    Porfavor gostaria que enviasse para o meu emaill um modelo de um PCMAT completo de uma empresa pois, tenho muitas dúvidas. Estou no 6º modulo do curso de Segurança do Trabalho moro em São Luís do Maranhão.

  • ROSILENE PEREIRA OLIVEIRA
    29 de agosto de 2011 até 15:22

    GOSTARIA DE RECEBER INFORMAÇÕES SOBRE MEDICINA DO TRABALHO.

  • MARIA CANTALINA ALMEIDA JERONIMO
    30 de agosto de 2011 até 10:03

    Muito bom o material, gostei, me ajudou bastante nas minhas dúvidas, gostaria de receber informações sobre segurança e saúde no trabalho.

  • 29 de abril de 2012 até 11:56

    Com experiência mais de 30 anos em obras de porte e expressão como supervisor administrativo e gerente/procurador, tive muito antagonismo com os Técnicos em Segurança do Trabalho.
    Resolvi fazer o Curso, concluido em 2010- SENAC-RS Cidade de Gravataí RS.
    Qual foi minha surpreza por ter agido injustamente com estes profissionais, hoje tenho o maior respeito pela profissão e sou um dos colaboradores para evitar acidentes, zelando pela saúde do trabalhador.

  • 14 de maio de 2012 até 11:33

    Analisando os comentários dos colegas TST, opino que já é oportuno que os aeroportos possuam legislação específicas, tais como os Portos e Hidrovias NR-29.
    Onde define os trabalhos e organização das instalações portuárias, bem como toda estrutura administrativa, amparada em dimensionamento dos quadros operativos.
    SESST – Serviço Especializado em Segurança e Saúde do Trabalhador Portuário.

  • cristiane barauna
    14 de junho de 2012 até 11:37

    Bom dia pesquisando temas para dds encontrei esse que é muito interessante,pois usa um linguajar simples de facil entendimento.Gostei muito

  • jaqueline
    10 de julho de 2013 até 09:41

    muito bom! gostei e fácil de entender direto e objetivo. parabéns

  • Dhully Ripardo
    18 de agosto de 2013 até 17:49

    muitto bom…aqui pesquisando algumas coisas pra me ajudar na elaboração de um relatório…e estou muito satisfeita pelas dúvidas tiradas e por mais uma dose de conhecimento.

Deixe um Comentário