(NR-7 PCMSO) LEVANDO RISCOS DE CASA PARA O TRABALHO
Este Post é uma tradução e contextualização de artigo publicado no site OHS on line.
Acrescentamos tambem exemplos de outros medicamentos e drogas mais comuns utilizados pelos trabalhadores em nosso país.
LEVANDO RISCOS DE CASA PARA O TRABALHO
Se o trabalhador sofre súbita fraqueza muscular, progressivo embaçamento da visão ou frequentes episódios de sangramento, ele pode estar sendo vítima da medicação que ele está tomando em casa.
Essas situações são observadas não só pelo uso inadequado de medicamentos mas mesmo devido a prescrição médica, ainda que necessária. Raramente esses efeitos negativos ficam claros para o indivíduo que está utilizando esses remédios até que um dano apareça. A origem desses problemas pode ser simplesmente de um medicamento que se toma para aliviar uma dor ou mesmo de simples produtos cosméticos passados na pele ou para lavar a boca. O resultado do uso desses medicamentos pode ser alguns sintomas leves como algum mal estar ou enjôos ou sintomas mais graves que comprometem a visão, provocam hemorragias ou podem causar algum dano orgânico.
Profissionais do SESMT devem dedicar atenção para alguns impactos negativos de medicamentos usados comumente seja em casa ou no próprio ambiente de trabalho. Essas informações devem ser úteis na elaboração do PCMSO; com o aumento da longevidade, existe um contingente progressivo de trabalhadores com idade acima de 50 anos, alguns deles já em tratamento para doenças crônicas, como hipertensão, excesso de colesterol, de peso, diabetes e outros problemas. Trabalhadores mais jovens costumam utilizar medicamentos para dores musculares e articulares.
ESTATINAS – Por exemplo, o uso de algumas drogas para reduzir colesterol (estatinas) pode causar períodos prolongados de fraqueza muscular com risco de subsequentemente resultar em lesão no trabalho em atividades que exijam esforço e carga. Com o uso crônico de estatinas, a situação pode complicar-se com o aparecimento de outras doenças que afetam a memória, músculos e os rins. No trabalho, esses efeitos colaterais podem comprometer a motivação, o desempenho de trabalhadores e a produtividade de alguns setores. Entretanto, a situação pode reverter quando se interrompe o uso desses medicamentos. Quando se usa estatinas (tipo sinvastatina) é possível que o indivíduo esteja usando também algum medicamento antihipertensivo associado a um diurético, e aí aparecem mais riscos.
REMÉDIO PRA PRESSÃO – O uso de medicamentos antihipertensivos pode causar oscilações nos níveis de pressão durante a jornada, principalmente quando associados a diuréticos, que podem causar desidratação leve e redução dos níveis de potássio, afetando a postura e força muscular.
CORTICÓIDES – O uso de corticóides (dexametasona, por exemplo) pode ocasionar efeito contrário ao dos diuréticos, ou seja, retenção de líquidos e aí pode ocorrer uma súbita elevação da pressão arterial, ou, em caso de uso contínuo, inchaço (edema). Corticoides podem tambem precipitar sintomas psiquiátricos, se houver prévia suscetibilidade.
PSICOTRÓPICOS – O stress no trabalho tem levado ao uso corriqueiro de medicamentos para ansiedade e depressão; alguns desses medicamentos podem provocar efeitos colaterais interferindo na atenção e concentração do trabalhador, principalmente se ele conduz veículos, opera painéis e sistemas de acionamento remoto. Alguns antidepressivos estão contraindicados no caso de pessoas com epilepsia.
LAVAGEM BUCAL – Alguns produtos para lavagem bucal contendo alcool pode resultar em infecções recorrentes da cavidade oral devido ao seu efeito desidratante. Estudos comparativos entre populaçoes que utilizam essas substâncias pelo menos 2 vezes ao dia e outras que não utilizam, foram encontrados índices de cancer 6 vezes maior naquelas que usam. O alcool nessas substâncias resulta na desidratação no tecido bucal e assim facilitando a penetração de bactérias nas gengivas.
ASPIRINA – A aspirina é uma droga utilizada geralmente seja para aliviar dor ou febre ou até para a prevenção secundária de doença cardiovascular (infarto e derrame) ou para o tratamento de problemas reumáticos. A aspirina interfere na coagulação do sangue e devido à essa ação é utilizada no tratamento para evitar a obstrução dos vasos e a ocorrência de algum tipo de AVC (derrame). Entretanto, pessoas com doenças cardiovasculares são muito vulneráveis a lesões e rupturas nos vasos sanguíneos e assim a aspirina pode facilitar também a ocorrência de hemorragias. É preciso um balanceamento adequado para que ela tenha um efeito terapêutico e não agrave a doença vascular. Um outro problema da aspirina é o risco de provocar sangramento gastrointestinal e cerebral e esse risco aumenta com a idade. Estudos mostram um maior número de hospitalizações por hemorragias devido a quem utiliza aspirina. Um outro problema é embaçamento da visão, visto que a aspirina implica em risco de degeneração macular e perda visual.O uso crônico de aspirina e de outros antiinflamatórios, pode causar excesso de sangramento de alguns ferimentos pequenos ou até causar danos no figado e rins;
ANTIINFLAMATÓRIOS – Devido a dores musculares e lombares é comum que alguns trabalhadores utilizem antiinflamatórios com frequência; esta classe de drogas é utilizada na maioria das vezes para tratamento de febre, dor, inflamação e como coadjuvante no tratamento de infecções. De forma análoga à aspirina, esse tipo de medicamento pode tambem inibir as funções normais das plaquetas no sangue e assim o resultado pode ser tambem hemorragias, dano no fígado, complicações cardiovasculares e bloqueio na função renal. O antiinflamatório pode tambem aumentar a fotossensibilidade de olhos e pele e assim aumentando o risco de trabalho a céu aberto e em trabalhos com solda podendo levar a lesões nos olhos e câncer de pele.
Um serviço de medicina do trabalho relatou a ocorrência de convulsões em um trabalhador que tinha utilizado um desses antiinflamatórios após ter sofrido de dores lombares; o paciente foi encaminhado para um serviço de neurologia e embora o EEG nada registrasse de anormal concluiu-se que provavelmente a crise foi devida a provável reação convulsiva medicamentosa. Algumas anormalidades no EEG não significam incapacitação para o trabalho, é preciso atenção para a prescrição de tarefas a esse trabalhador, por exemplo, trabalho em altura. Além disso, se um trabalhador faz uso de medicação anticonvulsivante é preciso ficar atento para alguns efeitos colaterais desses medicamentos, que podem provocar sonolência.
O acetaminofen (paracetamol) é outra droga que pode levar a problemas hemorrágicos e hepáticos, principalmente se ingerido com álcool.
É preciso entender que tomar uma vez ou outra esses medicamentos não implica em riscos, o problema é o uso continuado e repetido ou ainda a mistura desses medicamentos. E, principalmente, a atenção que deve ser dispensada aos trabalhadores que estão sob alguma forma de tratamento principalmente para dor crônica. É cada vez mais comum trabalhadores apresentando problemas na coluna, inclusive hérnias de disco, que utilizam medicamentos para dor de forma contínua.
Observe abaixo, infográfico da NR-7 PCMSO sobre o assunto, chamando a atenção para a periodicidade de exames em pacientes com doenças crônicas:
Boa leitura!
Fonte: ohs on line
Texto original de autoria de:
Profs. Ismail El-Amouri, Patricia Wynd, Joe Beck (Departamento de Saúde Ambiental e Ciência Médica Laboratorial, Universidade de Richmond, EUA);
tradução e contextualização:
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