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TURNOS ALTERNANTES: RISCOS À SAÚDE NO TRABALHO
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TURNOS ALTERNANTES: RISCOS À SAÚDE NO TRABALHO

por Adminstrador13 de setembro de 2009

Veja a atualização do conteúdo deste Post, no link abaixo,

publicado em 2014:

 

http://www.nrfacil.com.br/index.php/news-2/item/1188-nrs-04-17-e-15-os-riscos-dos-turnos-alternantes

trabalno-noturno1

David Dahlberg (Campeonato Europeu de Fotografia em Seg e Saude no Trabalho -2009)

O TRABALHO EM TURNOS ALTERNANTES

Segundo estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente cerca de 20% das populações dos países desenvolvidos trabalham no período da noite. Nos Estados Unidos, cerca de 25% dos trabalhadores trabalham em turnos alternantes. Esses profissionais perdem cinco anos de vida para cada quinze anos trabalhados, se divorciam três vezes mais do que os profissionais com jornadas durante o dia e têm 40% mais chances de apresentar problemas cardiovasculares, neuropsicológicos e digestivos. ISMA (International Management Stress Association), realizou um estudo no Brasil no qual constatou que 40% dos trabalhadores que exercem sua atividade no turno da noite desenvolvem algum distúrbio na visão. O que o SESMT (NR-4) pode fazer para lidar com essas situações? Será que o adicional noturno compensa o prejuízo?

trabalhonoturnoO PROBLEMA

Fonte: Meu salário

Ao longo dos últimos 20 anos, tem havido um aumento significativo na prática de se usar dois ou mais turnos de trabalhadores em processos produtivos que excedem a duração de um dia regular de trabalho. Nos grandes centros urbanos, é cada vez mais comum estabelecimentos como postos de gasolina, farmácias, lojas de conveniência e redes de supermercado funcionarem 24 horas ininterruptas. Além disso, longe de ser uma opção, trabalhar no turno da noite faz parte da rotina de profissionais como médicos plantonistas, enfermeiros e vigilantes, entre tantos outros, alem de atividades em alguns segmentos do setor de serviços, como por exemplo ferrovias, correios, aeroportos, polícia, hospitais, segurança, marinha mercante, etc.

relogiobiologicoguineveremedicinablogspotO RELÓGIO BIOLÓGICO

Que a troca do dia pela noite não traz benefícios à saúde é consenso entre médicos e cientistas. Mas recentes pesquisas têm constatado que as alterações no relógio biológico promovidas por esta troca trazem riscos reais à saúde dos trabalhadores. Um estudo da OMS realizado com enfermeiras e aeromoças mostrou que as profissionais que trabalhavam no turno da noite tinham maiores chances de desenvolver o câncer de mama. Também foram constatadas alterações nos ritmos cardíacos e propensão a queda nas defesas imunológicas destes trabalhadores.

sociedade24horaswww2uolcombr2SOCIEDADE 24 HORAS

Na sociedade 24 horas, alem de os computadores serem obrigados a permanecer on line ininterruptamente, cada vez mais trabalhadores são obrigados a trabalhar em jornadas progressivamente mais longas para dar conta desta nova configuração. Além disso, com a criação do “home office”, estimulado pelos novos softwares integrados, e da Internet, o trabalhador leva para casa o seu trabalho, estendendo, assim, a jornada de trabalho para um turno adicional noturno

CID 10

Encontramos no Código International de Doenças (CID 10) a classificação Z56.3 Ritmo de trabalho penoso como um provável indicador epidemiológico do problema. Em saúde ocupacional, este risco deveria estar classificado na categoria de ergonômicos, embora seja muito difícil organizar um mapa de riscos incluindo turnos alternantes. Qual seria o tamanho do círculo para classificar o risco ergonômico dos turnos alternantes? Como trabalhar em gestão de riscos no trabalho com esse problema?


sesmtportalacessocombr

O SESMT E OS TURNOS ALTERNANTES

O SESMT pode contribuir de forma significativa para minimizar o problema, estudando a introdução de algumas práticas: o Médico do Trabalho utilizará testes psicométricos e exames de laboratório mais específicos, como, por exemplo, o PCR, que tem sido utilizado na predição de risco cardiovascular, que sem dúvida aumentará na presença de trabalho sob turnos alternantes. Candidatos com antecedentes familiares de depressão e psicoses devem ser avaliados com cautela. O EEG deveria ser um exame muito mais PERIÓDICO do que ADMISSIONAL, ou seja, ser realizado após um período de trabalho em turnos alternantes. Assim, o indivíduo pode apresentar alterações no EEG por privação de sono indicando assim mecanismos insatisfatórios de repouso e recuperação da fadiga.  O Engenheiro e o Técnico de segurança podem desenvolver monitoramento e registro de incidentes de trabalho em setores relacionados a turnos alternantes encaminhando para a realização de avaliações de saúde mais frequentes nesses trabalhadores e não apenas para as situações de riscos insalubres (avaliação semestral) como determina a NR-7.

enfermagemdotrabalhovanbetekellifileswordpresssserviaosocialENFERMAGEM E
ASSISTENTE SOCIAL DO TRABALHO

A Assistente Social e a Enfermagem do Trabalho podem avaliar situações sócio-familiares de risco e orientar no sentido de serem adotadas medidas para que o trabalhador possa dormir de maneira confortável durante o dia. Verificar, tambem, a situação familiar, solteiro ou não, presença de um ou vários filhos, visto que constituem fatores normalmente agravantes dos problemas do trabalhador noturno. As mulheres casadas e tendo normalmente um filho, dormem ao dia em torno de uma hora e meia a menos que as solteiras. O débito é ainda mais marcante quando se trata de mães com crianças em fase de amamentação. Por outro lado, a desproporção das divisões das tarefas do lar entre casais contribui igualmente para aumentar os problemas dos horários do trabalho noturno feminino e a carga global de trabalho suportada. Esses diversos elementos da situação fora do trabalho devem ser levados em consideração no momento da organização do horário e da prescrição das tarefas no trabalho noturno. Finalmente, pode ser adotada a prescrição de períodos mais longos em um único turno, tornando a alternância dos turnos mais espaçada.

Devem, também, ser considerados fatores em relação à idade do trabalhador noturno. O envelhecimento modifica, muito provavelmente, a sensibilidade às rotações de turno de maneira geral e em particular ao trabalho noturno não rodiziante. Os turnos alternantes tornam tambem maiores os riscos de pacientes suscetíveis desenvolverem surtos psicóticos gerando incapacidade laboral mais longa após o surto.

Na área dos serviços de saúde a situação é mais crítica, devido à prática inevitável dos turnos alternantes. Os Enfs Marziale e Rozestraten (Rev Latin-Am Enfermagem – Rib Preto, v.3 p. 59-78, jan 95) realizaram interessante estudo sobre sintomas subjetivos de fadiga projetando em uma tabela sintomas como dificuldade de pensar, irritabilidade, sensação de cometer erros, olhos ardendo, vontade de dormir, sem vontade de falar, impaciência, voz rouca, sintomas esses relacionados aos turnos de trabalho. Veja mais em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11691995000100006

Os turnos alternantes vão se individualizando como um risco específico e em breve deveriam ser introduzidos na NR-15 como risco insalubre.

Veja a atualização do conteúdo deste Post, no link abaixo,

publicado em 2014:

http://www.nrfacil.com.br/index.php/news-2/item/1188-nrs-04-17-e-15-os-riscos-dos-turnos-alternantes

 

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