(NRs-6, 7 e 15) PROTEÇÃO AUDITIVA: UM DESAFIO
O ouvido humano é o órgão responsável pela nossa audição e pelo nosso equilíbrio. É uma máquina extraordinária que permite às pessoas a detecção de frequências sonoras entre 20 Hz e 16 000 Hz e distinguir sons musicais dentro de uma gama de qualidade muito extensa.
É também um dos órgãos mais afetados no trabalho (ruído) desenvolvendo perda auditiva irreversível. O trauma acústico ocupacional ocorre basicamente de 2 formas: o ruído de impacto, que pode causar um dano físico às estruturas do ouvido, particularmente a rotura do tímpano e provocando perda auditiva temporária. E o ruído contínuo, em que a pressão sonora exerce um progressivo desgaste dos receptores que conduzem o sinal sonoro ao cérebro pelo nervo auditivo, ocasionando perda da audição progressiva e irreversível.
A figura mostra as dimensões do canal auditivo externo que vai do pavilhão auricular onde se iniciam as pressões sonoras (1) até o tímpano (2). É neste pequeno espaço onde deve se acomodar o protetor auditivo mais comum (plugs). Depois do tímpano estão as estruturas internas do ouvido (ouvido médio e interno) que inclui ainda as funções de equilíbrio. Para essas estruturas não há proteção possível, a não ser a redução do tempo de exposição ao ruído e a proteção do canal auditivo externo.
A tradução do Estudo abaixo, publicado no site do Howard Leight Acoustic Laboratory trata de assunto vinculado a algumas NRs (4 e 5) mas principalmente às NRs 6 (EPI), 7 (PCMSO) e 15 (INSALUBRIDADE).
A existência de insalubridade por ruído acima dos níveis de tolerância, configura uma situação de risco grave, implicando na obrigatoriedade de providências pela CIPA e SESMT, envolvendo TST e Med Trab, possível pagamento temporário de adicional e, ainda, risco de imposição à empresa de auto de infração pela Auditoria Fiscal.
(veja a versão digital das Nrs no site www.nrfacil.com.br e conheça o software NRFACIL,que atualiza as NRs no seu computador de forma automática (a exemplo de programas antivirus).
(veja a versão digital das Nrs no site www.nrfacil.com.br e conheça o software NRFACIL,que atualiza as NRs no seu computador de forma automática (a exemplo de programas antivirus).
Manter trabalhadores apropriadamente protegidos por ruido nocivo e motivados para utilizar a proteção é um desafio para qualquer SESMT.
COMBATENDO OBJEÇÕES AO USO DE PROTEÇÃO AUDITIVA
Com treinamento apropriado e progressivo incentivo, a maioria dos trabalhadores usa a proteção auditiva no trabalho. Entretanto, existe sempre um pequeno número de trabalhadores que se sentem compelidos a levantar objeções ao invés de simplesmente usar a proteção e ir trabalhar.
Abaixo, um elenco de objeções comuns de trabalhadores para usar a proteção auditiva e algumas sugestões de como combater e mesmo mudar essas atitudes (Veja tambem um interessante gráfico de perda auditiva com o tempo de retirada da proteção).
“Eu não consigo me comunicar com meus colegas de trabalho”
Esta é a mais recente ironia na prevenção da perda auditiva induzida pelo ruido.
De fato, em muitas tarefas a capacidade para a comunicação deve ser balanceada com a proteção adequada. Se nós automaticamente selecionarmos a mais poderosa atenuação para a proteção auditiva, nós iremos tornar mais difícil a comunicação ou a percepção de sinais ou alarmes de proteção. Pessoas que reclamam que a proteção auditiva isola-os de outros colaboradores, bem como de sinais e avisos, tendem a remover a proteção e assim se expõem a ruído nocivo. Remover protetores mesmo por alguns minutos pode reduzir a efetividade da proteção auditiva.
Na Tabela abaixo, observa-se a relação entre a atenuação prevista e a redução da efetividade do Protetor Auditivo, quando removido por 5, 10, 15 e 30minutos durante um turno de trabalho. Na maioria dos casos a remoção do protetor pode reduzir a efetividade da proteção até 40% e pode não ser adequado para alguns ambientes de trabalho ruidosos.
Tabela 1 – Redução da Atenuação:
Efetividade do protetor auditivo quando removido durante o período de um turno de trabalho
publicado no site www.howardleightveripro.com
O protetor auditivo ideal traz os níveis de ruidos para um faixa entre 70-85dB o que permite ao trabalhador ainda ouvir sons que ele precisa ouvir. Oferecendo protetores nessa faixa permite-se às pessoas selecionar a proteção auditiva mais apropriada para a sua exposição ao ruido. Protetor auditivo que permite uma atenuação uniforme pode tambem ser um remédio prático para essa situação. Protetores com atenuação uniforme bloqueiam baixas e médias frequência enquanto altas frequências – que inclue falar, ouvir avisos e alarmes – podem ser ouvidos de forma mais natural e com menos distorção. Trabalhadores que utilizam protetores com atenuação uniforme geralmente comentam que eles podem ouvir seus colegas “de forma mais clara” e tendem a remover os protetores menos frequentemente.
“Eu não preciso de protetores. Eu estou acostumado ao ruído.”
O ouvido “não se acostuma” com o ruído. A perda auditiva induzida pelo ruído é progressiva e permanente e é causada por exposição prolongada a altos níveis de ruído, em qualquer frequência. De maneira geral ela é caracterizada por um declínio na percepção de altas frequencias e dificuldade em reconhecer esses sons, incluindo conversação, sinais e alarmes. Se o trabalhador já tem alguma perda, utilizar os protetores é mais importante do que nunca, para prevenir perdas adicionais. A alegação de que ele está acostumado com o ruído pode ser um sinal de que o trabalhador já tem alguma perda auditiva e necessita de uma avaliação audiométrica. É bom ter em mãos um decibelímetro. Se você mostrar e explicar o nível de ruído ao trabalhador isto irá ajudar a ele entender a obrigatoriedade do EPI.
“A proteção auditiva é desconfortável”
Desde que os plugs auditivos se tornaram uma das peças do equipamento de proteção individual a ser utilizado dentro do corpo, não deve ser surpresa que o desconforto é o fator primário em não utilizar o EPI. As reclamações vão desde que é muito apertado ou que exerce muita pressão no canal auditivo, até uma sensação de rigidez e dificuldade de inserir um plug auditivo. Cada canal auditivo é diferente em tamanho e forma – mesmo da esquerda para a direita – assim, o que é confortável para José não é para Maria.
A fim de melhorar o conforto, trabalhadores geralmente arriscam a proteção por não inserir totalmente os protetores auditivos, inclusive “modificando” sua forma ou lubrificando eles com substancias estranhas. Entretanto, inserção parcial ou imprópria pode reduzir a atenuação para próximo de zero. Inclusive, alguns fonoaudiologistas geralmente observam mais perda auditiva em trabalhadores expostos entre 85-95dB que “enganam” no ajuste do plug do que naqueles que estão expostos a um risco maior de 95-105dB mas que reconhecem o perigo e usam a proteção de forma mais consistente.
VARIEDADES DE EPIS PARA O OUVIDO
A fim de assegurar a melhor e mais confortável adaptação, deve-se oferecer a trabalhadores uma variedade de EPIs auditivos, o que inclue tamanhos, formas e materiais diferentes, bem como níveis de atenuação para acomodar tanto as preferências pessoais como as aplicações específicas. Além disso, deve-se incluir trabalhadores no processo de seleção que possam incentivar a aceitação e conformidade no dia a dia do trabalho. E, tambem, durante o treinamento anual incluir trabalhadores que possam demonstrar suas técnicas pessoais de inserção. Estudos mostram que o treinamento individual melhora a adaptação e aceitação dos EPIs auditivos. Posters demonstrando inserção e adaptação devem tambem ajudar a assegurar conscientização e uso apropriado dos EPIs auditivos.
“Eu não quero meter sujeira das minhas mãos dentro do meu ouvido.”
A probabilidade de um EPI auditivo causar diretamente uma infecção é minima. Infecções do ouvido são geralmente causadas por virus no ouvido médio ou interno, ou uma abrasao ou corte no canal auditivo que pode ser agravada por uma inserção de um plug. Os ouvidos tem uma defesa natural contra objetos estranhos no canal auditvo (cerumen, cera auditiva). Cerumen, junto com cabelo no ouvido externo pode armazenar sujeira e outros contaminantes, bem como bactérias que podem se proliferar ou ouvido externo. Para aqueles trabalhadores cujas mãos pegam sujeira durante o dia, o uso de múltiplos EPIs com hastes, que não causem espuma ou com alças, pode prevenir a transferência de sujeira ou gordura dos dedos para os EPIs.
“Eu esqueci de colocá-los.”
De todos os riscos à segurança no local de trabalho, o ruído é, talvez o mais fácil de ser negligenciado. A perda auditiva induzida pelo ruído é invisível – e assim, nem sempre é lembrado quando colocamos os capacetes, os óculos de proteção, máscaras e luvas para começar nosso turno de trabalho. Ainda assim, o EPI auditivo é uma das mais fáceis peças do equipamento de segurança para guardar no bolso, ou na caixa de ferramenta, no macacão, deixar preso no pescoço ou mesmo amarrado ao capacete para um acesso fácil!
Instruções em cartazes, termômetros de ruído e sinalização de níveis de ruído bem como armazenamento bem visível poderá ajudar a lembrar os trabalhadores da proteção auditiva.
Além disso, supervisores de segurança devem tambem carregar protetores auditivos para serem distribuídos para os trabalhadores que não estão adequadamente protegidos e elogiar publicamente trabalhadores que estão utilizando os EPIs. E, também, mantê-los presos na sua roupa pode melhorar o seu programa de conservação auditiva. Empregados que trabalham em ambientes sujos podem optar por utilizar EPIs auditivos de múltiplo uso com hastes para prevenir sujeira que possam ser introduzidas no canal auditivo.
“Não dá pra usar proteção auditiva junto com meu capacete, óculos e máscara.”
Conflitos podem surgir quando 2 peças de equipamento de proteção individual competem pelo mesmo espaço da cabeça. A combinação de proteção auditiva com outros EPIs na cabeça pode resultar em problemas como embaraço ao espaço ocupado pela cabeça no ambiente de trabalho, espaços ao redor da fixação do plug auditivo (com óculos de proteção), insuficiente adaptação (quando associado a máscaras e capacetes) alem de contato com transmissão de vibrações.
Na maioria dos casos, é suficiente mudar de capacete para plug, a fim de evitar conflitos com outros EPIs. Os plugs oferecem o mesmo nível de proteção e são compatíveis com virtualmente todos os tipos de EPI. Mas em alguns casos é preferível usar o capacete de concha. Os capacetes tem a vantagem de ser fáceis de colocar, mais confortáveis para alguns trabalhadores e mais higiênicos em alguns ambientes de trabalho com muita sujeira. Alguns trabalhadores não podem trocar para plugs porque alguns capacetes estão equipados para uma comunicação sem fio ou transmissão de rádio. Os capacetes auditivos são tambem a proteção auditiva preferida para trabalhadores que sofrem de uma infecção ou irritação aguda ou crônica. Fabricantes tem respondido a essas necessidades desenvolvendo um amplo espectro de capacetes compatívels com outros EPIs.
“eu posso conseguir uma prótese auditiva.”
Um erro comum sobre prótese auditiva é que ela recupera a audição para “normal”. Embora as próteses auditivas ajudem às pessoas a ouvir melhor, eles não substituem a audição normal. Elas são prescritas para pessoas com média a severa perda auditiva, amplificando o som ambiente, mas eles não recuperam a audição natural.
Esta objeção gaiata de não usar o EPI auditivo geralmente é dita por um jovem trabalhador “macho”, que falha em entender os riscos ou avaliar sua vulnerabilidade. É um claro sinal de que qualquer treinamento investido nesse garoto tem até agora sido um fracasso indicando que uma outra abordagem deva ser empregada. A “voz da experiência” de um trabalhador mais antigo pode ajudar a influenciar este comportamento. Ou, personalize o valor da audiçao – pergunte “qual o seu som favorito?”, pra ver se ele se toca da importancia de uma audição saudável.
Trabalhar com objeções de trabalhadores para não usar EPI na hora do trabalho pode levar tempo mas irá não somente prevenir a saúde auditiva do trabalhador – mas possivelmente evitará que sua empresa gaste centenas de reais em compensações trabalhistas ou aumentar o custo fiscal (FAP).
By Renee S. Bessette, COHC
Sperian Hearing Protection, LLC
Tradução: Prof. Samuel Gueiros, Med Trab (será publicada uma continuação deste Estudo);
créditos: passe o mouse na figura
NR-06 | |
TITULO | EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI (206.000-0) |
RESUMO | Estabelece parâmetros para o dimensionamento, fabricação, importação, cadastramento, uso, restauração e treinamento dos equipamentos de proteção individual e específicos aos riscos nos ambientes de trabalho (lista de EPIs) |
IMPOSIÇÕES | Obrigatoriedade de aposição do CA (Certificado de Aprovação), fornecimento, treinamento, e para uso e reposição dos EPIs por parte da empresa |
INFRAÇÕES | até 6.000 UFIR (calculadas para empresas de médio porte – 50/100 trabalhadores) |
acesse o site e conheça os detalhes desta NR;
na pasta da NR, veja o Remissivo e acesse itens específicos de forma imediata
Leia tambem o post anterior sobre proteção de mãos e mais:
A escala do aprendizado cognitivo em SST
Relação NR-4 SESMT x NR-5 CIPA: Dimensionamento de Equipes
Gostaria de receber noticias , materias na area de segurança do Trabalho, pois irá contribuir muito profissionalmente no meu trabalho.
eu quero receber regurlamente as atualizaçoes..no meu email.
Maravilhoso este Blog de Noticias
Parabéns a NR Fácil
Gostaria de receber no e-mail particular materiais sobre proteção auditiva, pois contribuirá para o desenvolvimento dos meus trabalhos.
gostaria de receber todas as nrs nao consigo baixar..obrigado
Parabéns. Voces podem me mandar mais materiais. Amei.
Gostaria de receber informações e NR´s atualizadas.
abç…
gostaria de receber informações atualizadas sobre NR´s e outros.
abç.
preciso de todos os epis necessarias para audiçao auditiva e se puder tambem da proteçao de tronco
preciso de todos os epis necessarias para audiçao auditiva e se puder tambem das proteçao de tronco(vestimentas.att taty